O Espiritismo, demonstrando a existência do mundo espiritual e suas relações com o mundo material, nos dá a chave de uma multidão de fenômenos incompreendidos e considerados, por isso mesmo, inadmissíveis por uma certa classe de pensadores. Esses fatos são abundantes nas Escrituras e é pela falta de conhecimento das leis que os regem, que os comentadores dos dois campos opostos, movendo-se sem cessar no mesmo ciclo de idéias, uns fazendo abstração dos dados positivos da Ciência, os outros, do princípio espiritual, não puderam atingir uma solução racional. Esta solução está na ação recíproca do espírito e da matéria. Ela tira, é verdade, à maior parte desses fatos, seu caráter sobrenatural; mas, o que será melhor: admiti-los como derivados das leis da Natureza ou rejeitá-los completamente? Sua rejeição absoluta arrasta a da própria base do edifício, ao passo que a sua admissão a tal título, não suprimindo senão os acessórios, deixa a base intacta. Eis porque o Espiritismo atrai tantas pessoas à crença de verdades até então consideradas utopias.
Esta obra é, portanto, conforme temos dito, um complemento das aplicações do Espiritismo, segundo um ponto de vista especial. Seu material estava pronto ou pelo menos elaborado há muito tempo; mas o momento de publicá-la não tinha chegado ainda. Era necessário, antes de mais nada, que as idéias constitutivas de sua base tivessem chegado à maturidade e, de outro lado, atentar para a oportunidade das circunstâncias.
O Espiritismo não tem mistérios nem teorias secretas; tudo nele é revelado com clareza, para que cada um possa julgá-lo com conhecimento de causa; mas, cada coisa deve vir a seu tempo para vir com segurança. Uma solução dada superficialmente, antes da elucidação completa da interrogação, seria uma causa de retardamento, ao invés de realizar o progresso.
(Introdução de A Gênese, edições Lake).
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